Num fim de tarde aconchegante, um grupo de retirantes se reúne para tomar um cafezinho passado na hora e contar suas histórias de partida. Foi vendo esta cena, que os transeuntes que passavam pela Praça da Matriz, da cidade de Barbalha, neste sábado (10), foram se aproximando para acompanhar o espetáculo “Ser TÃO Ser – narrativas de outra margem”, do grupo paulista Buraco d’Oráculo.
E assim, no coreto da praça, todos se reuniram para ouvir atentamente, tomando um café, as histórias de migração de cada personagem que entoavam: “Todo mundo é assim, começa onde nasce e termina onde escolhe”. A partir daí o grupo mostra a luta dos recém-chegados na cidade grande, que por não encontrarem oportunidade de emprego, nem moradia, se aglomeram em favelas e vivem a margem da sociedade.
A luta por um pedaço de chão é o grande debate da peça, que ainda faz uma crítica sutil às linhas de crédito dadas ao pobre para “comprar” sua moradia em conjuntos habitacionais. Outra reflexão proposta pelo grupo é a importância de mobilização da sociedade na busca de seus direitos.
O diretor do espetáculo Adailton Alves disse que as histórias contadas na peça surgiram a partir de pesquisas feitas em comunidades de São Paulo que recebem e continuam a receber esses retirantes. “Essas comunidades foram construídas a partir de luta, nada é de graça para essas pessoas que tiveram que lutar pelo pedaço de chão”, enfatiza.
Depois de acompanhar atentamente cada cena do espetáculo, o ator Luiz Renato, ao falar sobre suas impressões da peça, não hesitou: “Foi fácil se identificar com o espetáculo, pois fala da gente, do nordestino. Todos nós temos uma história dessas pra contar”.
A peça ainda pode ser conferida nesta segunda-feira (12), às 17h, na Praça do Giradouro em Juazeiro do Norte.
Por Jardeline Santos