Padronização da estética do corpo é tema da performance “Oblação”
Padronização da estética do corpo é tema da performance “Oblação”

Questionar a padronização da estética corporal dos dias atuais foi a mensagem da performance “Oblação (Me oferenda)”, realizada pela artista paranaense Bia Figueiredo. Executada no Crato, no dia 15, e em Juazeiro do Norte, no dia 16, dentro da programação da Mostra Sesc Cariri de Culturas, a arte visual trouxe um cenário em que, sobre uma mesa, a artista mostrou deitada, nua e repleta de doces sobre si.

Aos espectadores o convite foi comer, em um ato de deglutição subjetiva daquele corpo feminino. “Este trabalho traz o corpo como suporte e discurso. A partir daí, busco dar a ver relações de consumo, mercado, imperialismo, colonização e cultura. A pesquisa e material sensível partem principalmente da ideia de corpos dóceis, excessivamente disciplinados, submissos”, explicou Bia.

Com referências à artista plástica Lygia Clark e ao trabalho “Corpo-colônia” do artista potiguar Jota Mombaça, “Oblação” foi realizada, pela primeira vez, na abertura da exposição “Vozes do Corpo”, em Curitiba. “Em um primeiro momento, o público ficou um pouco em dúvida se podia tocar, mas, aos poucos, as pessoas foram criando relações com a performance”, comentou.

No Crato, olhares curiosos fitaram o corpo de Bia. Alguns, sem entender, fotografaram, outros retiraram, furtivamente, docinhos sob a artista. Segundo Bia, o desconforto inicial marca grande parte dos retornos do seu público. “As reações tem sido das mais diversas, depende um pouco do contexto. Sempre vai um tempinho para o público se sentir à vontade para comer. Rompido esse protocolo, surgem reações afetuosas, e, sim, ousadas também. Já houve alguns retornos que surpreenderam. O meu exercício no desenrolar da performance é manter um estado de prontidão, estar atenta ao que pode vir a acontecer”, afirmou.

Por Cristiane Pimentel

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