Alfenim Coletivo de Teatro propõe reflexões sobre o capital

O deus da fortuna / Foto: Del

O cuidado com o figurino, diálogos elaborados, a musicalidade única, um cenário que se monta e desmonta de forma orquestrada no decorrer da peça, projeções de imagens, enfim uma montagem que surpreende pelos detalhes.  Assim é o espetáculo “O deus da fortuna”, do grupo Alfenim Coletivo de Teatro (PB) apresentado neste domingo (11), no Teatro Municipal Salviano Arraes, no Crato.


 

No contexto da China Imperial, a peça narra a história de Wang, um proprietário de terras afundado em dívidas, por conta da crise de produção do arroz e da seda. E mesmo depois de erguer um altar para Zao Gong Ming, o deus da fortuna, mas sem nenhuma fé e esperança na divindade, as dívidas do proprietário só aumentam. Para amenizar a situação, Wang vê-se obrigado a vender a própria filha (Dindin) a seu credor, fazendo-a se casar com o filho dele.

A peça é baseada nos diários de Bertolt Brecht, dramaturgo alemão do século XX, o qual falava sobre um deus da fortuna, que por onde passava levava desgraça e desordem. Com texto e direção de Márcio Marciano e colaboração dos atores do grupo, a peça mostra um personagem com características contemporâneas e adaptadas às propostas de reflexão do grupo.

O deus da fortuna / Foto: Del

O deus da fortuna / Foto: Del

O deus da fortuna, do Alfenim Coletivo de Teatro, é o responsável pela promessa de riqueza para todos. Segundo Marcio Marciano, a ideia em usar a parábola chinesa era se distanciar historicamente para falar do contexto atual do capitalismo. “Procuramos fazer com que o público reflita sobre questões que são transmitidas pelos noticiários, mas que de tão constantes, acabam parecendo muito natural e nós não paramos pra pensar sobre aquilo”, enfatiza o diretor. Outras questões como o suicídio, o egoísmo, a ganância, a falta de fé e ainda a falta de mobilização do povo, ainda são abordadas na peça.

O ator e produtor cultural Edglay Lima acompanhou o espetáculo e disse que ficou encantado com a peça: “é muito poética e verdadeira, quando aborda a questão da fortuna. É uma viagem com uma linguagem estética muito mágica e sublime, é uma delicadeza em cada fala, em cada cena”. O espectador empolgado ressaltou ainda a importância das discussões propostas pelo espetáculo. “Eu sugiro para que as pessoas venham assistir, eu acho que vale a pena, pois transcende. Esse espetáculo faz você refletir. É incrível, eu adorei”, enfatiza.

Por Jardeline Santos


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