Adaptação dos contos do Mia Couto aborda o universo feminino e seus amores
Adaptação dos contos do Mia Couto aborda o universo feminino e seus amores

Ninguém no Plural / Foto: Del Nascimento

Ninguém no Plural / Foto: Del Nascimento

Há espetáculos que são para entender, outros para simplesmente sentir. Às vezes, o público consegue captar os dois. A montagem “Ninguém no Plural”, da Cia As de Fora, conseguiu atingir as pessoas que assistiram e lotaram o teatro, e até as que não entenderam se sentiram tocadas em algum momento.

A peça é uma adaptação de quatro contos do livro “O Fio das Missangas”, do escritor Mia Couto: “O cesto”, “Meia culpa, meia própria culpa”, “A despedideira” e “Os olhos dos mortos”. A escolha deles foi clara, pois são quatro contos femininos narrados em 1ª pessoa, como se fossem monólogos, mas não na peça não são.

O universo feminino é o principal tema do espetáculo, que traz diversas ramificações como o amor, a vaidade, o aborto, a morte, a culpa e a mágoa. O grito desesperado do amor é pelo que mais clama as duas mulheres da peça, que estão sempre ligadas a um homem, na maioria das vezes ausente, mas sempre presente.

Ninguém no Plural / Foto: Del Nascimento

Ninguém no Plural / Foto: Del Nascimento

As quatro histórias têm várias intercessões, como o fato de duas mulheres da história sofrerem um aborto e duas delas também matarem o marido, detalhes explícitos na peça. A estudante Nila Soares, que assistiu à montagem, disse que “o encantamento que a história proporcionou marcou, principalmente a questão física dos atores. Foi algo sensível”.

Os detalhes cênicos foram bem característicos, levando ao palco água, terra, fotos dos personagens e vários micro-ondas. Algo forte é a questão do espelho, que muitas vezes as mulheres não se olhavam nem se cuidavam, e isso foi muito pertinente na peça, já que, devido aos acontecimentos, elas passaram a ser vaidosas.

O nome “Ninguém no Plural” vem de um trecho do livro do Mia Couto: “Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada. Ninguém no plural”.Pela primeira vez na Mostra Cariri, a diretora do espetáculo, Rita Grillo, fala sobre a experiência de estar no evento. “Fiquei feliz com o evento, pois proporciona a nós, artistas, essa oportunidade linda que é trazer o universo cultural para mais perto das pessoas”, frisa.

Por Alana Gabriela

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