Cia. Dona Zefinha fez parte do surgimento do movimento cabaçal. Neste ano, está presente na Mostra com o espetáculo Autômato – programado para divertir
No princípio, era o som do pífano, da zambumba e do prato a ressoar pelo Cariri cearense. Alguns dos registros sonoros mais antigos da região têm mais de dois séculos e vêm das bandas cabaçais, herança dos índios Kariri. Acompanhada pela dança ritual de passos e pulos que imitavam o movimento dos animais, essa expressão cultural é hoje mundialmente conhecida por meio de artistas populares, como os Irmãos Aniceto.
No início dos anos 2000, surgiu um movimento artístico de resgate à cultura ancestral do Cariri: movimento cabaçal que trazia releituras inovadoras em música pop, rock, no teatro e nas artes plásticas. No Ceará, as bandas Dr Raiz, Dona Zefinha, Soul Zé e Jumenta Parida se juntaram em 2003 para um grande show na Mostra Sesc Cariri de Cultura, quando lançaram um marco do movimento: o álbum Cabaçom – O Som do Movimento Cabaçal.
“O movimento cabaçal estava fazendo uma zoada boa no Ceará, música autoral inspirada da cultura popular, misturando com a cultura pop. Essas quatro bandas fizeram uma muvuca boa”, lembra o artista Orlângelo Leal, um dos fundadores da companhia cênico Musical Dona Zefinha, fundada há 25 anos e presente na Mostra há 18.
Naquele ano, a programação cultural seguia initerruptamente, e a música ressoava até o raiar do dia. “Lembro de subir ao palco com o sol nascendo foi uma imagem que marcou para sempre. Esses momentos marcaram até hoje. Nós, os membros da banda, sempre citamos esse dia”, diz cantor, compositor, dramaturgo e instrumentista.
Teatro
A Cia Dona Zefinha seguiu incorporando dramaturgia e música aos espetáculos e se apresentando na Mostra Sesc Cariri de Culturas. 18 anos atrás, Orlângelo participou do evento pela primeira vez, no festival competitivo de Teatro, e ganhou o prêmio de melhor ator. Desde então, o grupo vem inovando linguagens artísticas, sempre trazendo em seu escopo as referências à cultura popular do Cariri.
Neste ano, a companhia traz para o circuito de artes cênicas a performance “Autômato – Programado Para Divertir”. Apresentam no dia 17 e 18 de novembro, às 18h, em Juazeiro do Norte, no Cariri Garden Shopping, e no dia 19/10, na cidade de Jardim.
Inspirado nos artistas de rua brasileiros, Orlângelo brinca com sons exóticos, como o da flauta nasal, e da “bota bum”, sapato que transformou em instrumento musical, criando efeitos sonoros inusitados.
O artista viveu no Cariri durante infância e, deste berço musical, nascem as apresentações da Dona Zefinha. Como os Irmãos Aniceto, o multi-instrumentista da Cia. Dona Zefinha dança e toca ao mesmo tempo para divertir a plateia.
“Eu herdo essa tradição da musicalidade do Cariri, presente nas bandas cabaçais, nos reisados, nos rituais profanos e festivos das brincadeiras populares. Inspiro-me na banda dos Irmãos Aniceto, porque neles existe uma performance, mimese, dramaturgia, musicalidade onde os artistas dançam e tocam”, diz ele.
Encontrar os pares
Na Mostra Sesc Cariri de Culturas os artistas vêm de todo o Brasil e se encontram durante a programação, fortalecendo uma rede de parcerias. “Nós pertencemos à economia criativa e, na Mostra, além de termos essa troca profissional, há também um espaço da troca de afetos, porque precisamos uns dos outros para nos fortalecer, para continuar nessa loucura de querer levar para o público obras de qualidade, que façam com que as pessoas se sensibilizem e levem a algum tipo de reflexão”, percebe o artista.
Serviço
Mostra Sesc Cariri de Culturas
Cia. Dona Zefinha -Autômato Programado para divertir
17/11
Horário: 18h
Local: Juazeiro do Norte. Cariri Garden Shopping
18/11
Horário: 18h
Local: Juazeiro do Norte. Cariri Garden Shopping
19/11
Horário: 18h
Local: Jardim