O cenário tudo já dizia: bonecos, ursos de pelúcia, bichinhos infláveis, garrafas de espuma; elementos que formavam o espaço de uma grande brincadeira. E foi com esse espírito que uma plateia animada conferiu o espetáculo infantil “As fadas”, encenado no dia 14, às 9h, no Teatro Adalberto Vamozi, da Unidade Crato do Sesc.
Baseada nos contos “As fadas”, do escritor francês Charles Perrault, a peça contou a história de duas irmãs: Tereza, que vive uma vida de mordomias e agrados de sua mãe, e Maria, ingênua, que tem a incumbência de realizar os trabalhos domésticos. Um dia, enquanto realiza a tarefa de pegar água no poço, Maria encontra uma fada que irá transformar o destino e a relação dessas duas irmãs.
Com uma encenação baseada na comicidade, através do uso de gags (efeitos cômicos), jogos e interação com a plateia, a peça integra uma pesquisa dos atores Paula Yemanjá e Edvaldo Batista, iniciada em 2006, sobre a linguagem de teatro para crianças. “Partindo do enredo de Perrault a gente começou a improvisar e criar a dramaturgia que está em cena agora. Fomos elaborando as proposição de cena que a gente poderia utilizar, como esses elementos dos brinquedos, a relação do público, do jogo cômico, que é muito forte, essa coisa da triangulação da cena jogada para a plateia”, explicou Paula Yemanjá.
Com orientação de figurino e elementos cênicos de Yuri Yamamoto, o espetáculo “As fadas” tem uma proposta didática de não explicitar uma moral ao final da história, mas deixar aberto à percepção dos pequenos. “Quando se pensa em teatro infantil, muitas vezes a gente parte de uma premissa de uma necessidade didática em que se tem uma moral. Porém, no trabalho da gente, não gostamos de fechar na ideia de uma única moral. Pensamos na própria fruição do espetáculo teatral ou de qualquer obra artística como objetivo principal. Para a gente, a grande brincadeira dentro dessa situação criada já é o mote”, comentou a atriz.
Diversão em família – Aplausos eufóricos, gritinhos e interação com aos atores ao longo das cenas – em especial no momento do jogo com as espuminhas de carnaval – foi a tônica da plateia lotada, composta por alunos de escolas públicas e do Sesc. “Achei muito bom, gostei da fada e dos animaizinhos”, disse Ana Victória Barreto, de 7 anos, acompanhada pela amiga Maria Clara e por sua mãe, Gracielle Chaves. “Sempre participo da Mostra, acho importante passar essa mensagem de aprendizado e estímulo à cultura”, afirmou Gracielle. Quem também veio em família foi Isabel Carvalho, que trouxe os sobrinhos Lucas, de 10 anos, Graziella, de 8 anos e Marina, de 7 anos. “Sempre trago os meus sobrinhos, pego os folhetos e acompanho a Mostra toda. Com certeza, mais tarde estaremos aqui de novo”. E assim como a proposta dos atores, de deixar aberto à criação das crianças a moral da peça, para Lucas, a ideia central foi o respeito ao meio ambiente. “Achei bem criativa”, afirmou.
Por Cristiane Pimentel
Foto: Nívia Uchôa