Exposição interativa na Galeria RFFSA mostra a cultura nordestina através de bicicletas
Uma viagem de volta às origens tendo uma bicicleta como veículo. Essa foi a jornada interior empreendida pela artista plástica Dora Moreira. Nascida em Acopiara, interior do Ceará, mas crescida no Espírito Santo, a também designer de bicicletas é autora da mostra interativa “Terra do Sol”, em cartaz até dia 17, na Galeria RFFSA, no Crato (Rua Ratisbona, s/n – Centro). A exposição mescla o processo de autoconhecimento da capixaba através de bicicletas estilizadas.
A mostra é dividida em dois momentos: em um salão estão as bicicletas estilizadas de acordo com três personagens característicos do Nordeste, que são o romeiro, o cangaceiro e a rendeira. Em outros dois espaços da galeria estão instalações interativas denominadas “Súplica Nordestina”. “Essa mostra é uma busca que fiz para encontrar essas histórias sobre o Ceará contadas pela minha mãe. Nessa parte das bicicletas as pessoas pedalam ouvindo trilhas sonoras características, por exemplo, na romeira as pessoas podem ouvir missas que gravei em Juazeiro. Na segunda parte de instalação brinquei com poesia visual, experimentei fotografia, fiz uma reflexão sobre esse tempo de escassez de falta de água, as coisas que remetem ao Nordeste e ao Sertão”, explica Dora.
De caráter auto-reflexivo, a mostra ainda instiga no visitante uma reflexão acerca do consumo consciente e uso racional dos recursos. “Trabalho muito para evitar o sucateamento do planeta, então tento sempre fazer com que a coisa se recrie, uso materiais que iriam para o lixo, dou um novo caráter de vida a eles”, afirma. Outra proposta de Dora é em relação ao uso de modais de transporte mais integrados ao meio ambiente. “Há muito tempo não dirijo mais carro. Essa ideia da bicicleta é também de leveza, de estar mais perto da natureza, poder ficar sentindo as coisas. É um convite à percepção, porque quando você está no carro a vida está passando fora, já na bicicleta você a sente. A gente quis dar esse status de obra às bicicletas e também fazer com que as pessoas se sintam bem pedalando”, avalia.
Por Cristiane Pimentel
